segunda-feira, 3 de março de 2014

No começo tudo é pessoal. No começo tudo o que acontece com a gente parece que só interessa a gente mesmo... os holofotes estão com toda a sua força sobre a gente. O resto... todo o resto sai de cena. É o que acontece com a gente o que importa - não importa se são coisas boas ou ruins... importa o que acontece... e a gente.

Cada um é o centro de sua vida, e tudo o que acontece com cada um tem uma importância desmedida, exagerada. E quando alguma coisa ruim acontece, cada um fica se sentindo a vítima... 'tudo comigo'... por que só comigo?' E se ofende, e reage, e grita, e esbraveja, e xinga. Assim é no começo...

Depois, desses cada um, há os que começam a olhar as coisas que acontecem de outro modo... começam a perceber que tudo faz parte de um contexto geral... que a vida de cada um faz parte da vida geral. Daí a vida não é mais tão pessoal assim, e a dor não tão pessoal começa a doer menos... daí o erro não é mais confundido com o autor do erro... e o erro pode  ser corrigido... e o autor do erro não é mais alvo do ódio de quem sofreu a dor com o erro... e daí quem sofreu com o erro cometido não se deixa amargurar.

Sou desse tipo de cada um... no começo via o mundo com os olhos do egocentrismo, meu olhar era tacanho diante dos acontecimentos... era viciada em superfícies, forçava as entrelinhas, nunca ia ao fundo da realidade do que me acontecia.

Aprendi a deixar de olhar o mundo a partir do meu umbigo, saí do centro e me dei espaço pra observar melhor tudo o que me acontecia... nem tudo é pessoal... aprendi que a vida é assim.

Mas agora me encontro em um dilema: ter meu filho tirado de mim não foi nada pessoal? Foi meu filho levado como poderia ter sido levado o filho de qualquer outra pessoa?