quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

São quatro horas da tarde... o dia está sufocadamente quente... nem uma brisa suave... tudo parado... só meu coração bate acelerado.

Ontem às 23 horas recebi um telefonema: "acho que vi seu filho... na rua X... próximo do Shoping Y". Simples assim.

Agora estou aqui neste endereço... olhando deseperadamente cada espaço, cada cantinho, cada porta que abre... cada carro que passa... já são mais de doze horas de procura... e nada.

Meu celular toca... atendo cheia de esperança. É só  minha mãe querendo saber onde estou... como estou..

conto tudo e ela sai em disparada... vem em minha direção.

Uma criança chama a minha atenção... está na esquina, olha pra todos os lados, procura alguma coisa... como eu...

não, não é o meu menino... o meu menino reconheço a anos luz de distância... é apenas outro menino. Perdido da mãe? Roubado da mãe? Empregado da mãe?

Sei lá... acho que não interessa... não é o meu menino. Simples assim.

Meu Deus, quando fiquei tão dura? Quando deixei de me importar com o mundo ao meu redor? Meu mundo está tão pequeno... ou tão imenso, sei lá... vai só até onde meu filhinho está. E onde ele está?

Nuvens escuras se aproximam... vai chover... pode chover, pode parar de chover... nada importa.

Eu só queria saber mesmo se algum dia eu vou acordar e me sentir acostumada com o que tenho de carregar...

Minha mãe desce do carro, meu pai acena pra mim... meu Deus, quando foi que eles envelheceram tanto?

Que vontade de chorar... porque as lágrimas não vêm?