sábado, 6 de setembro de 2014

Se ao menos a luz apagada e as cortinass cerradas mantivessema a realidade longe de mim... mas não adianta, aperto fortemente meus olhos... mas as imagens não desaparecem na escuridão, a dor não diminui no meu coração.

O olhar de ódio daquele mendigo... olhar de ódio, penetrante, que vai rasgando cada pedaço meu... eu queria areditar que o mundo é bonzinho, é feito de gente boazinha - que erra às vezes, machuca, engana, mente, rouba, mata, esculhamba com a vida dos outros - mas que no fim fica tudo bem, os erros,os pecados, os males ficam no passado... e uma primavera colorida e perfumada toma todo o espaço o tempo todo.... se torna presente, um presente no presente.

Um olhar de ódio é um olhar de morte.

Não há mais muito a matar em mim, desde que meu pequeninho foi roubado. Faço um esforço tremendo pra me manter em cima de minhas próprias pernas, pra não apenas inspirar oxigênio e expirar gás carbônico, mas é tão difícil.... é uma força monstro pra me mostrar bem. Estico os lábios, mas não sorrio.

De manhã bem cedinho, meu marido propôs de sairmos caminhar e correr um pouquinho. Comi uma fatia de mamão, tomei um suco verde, vesti um agasalho, coloquei meu tênis de corrida e saí... com ele.

Caminhamos silenciosamente por uns 5 minutinhos, e ele perguntou se eu achava que poderia correr. Acenei que sim com a cabeça.... e disse pro meu corpo: 'hey amiguinho acabou a moleza... vamos nos mexer'.

Corremos... equilibradamente... corre, caminha, corre, caminha, corre...

Já li que devemos correr em um lugar movimentado, um lugar onde encontramos outras pessoas correndo... isso motiva.

Chegamos a um parque... muita gente correndo... eu corria também, corria de mim, corria do mundo, corria da minha dor... não deixei as lágrimas correrem, enguli todas. Procurei motivação... não encontrei nenhuma.

Voltei pra casa... correndo.

Eu só queria uma conversa normal com meu marido. Pensei 'talvez no banho'... mas não consegui tirar a roupa na frente dele... saí do banheiro. Não sei o que ele pensou da minha atitude.

Na verdade, não sei mais o que ele pensa.

Mais tarde, quando ele voltou do trabalho, me convidou pra fazer um passeio... ou ir à casa de meus pais.

Fui.

Tenho decidido a cada minuto levar uma vida normal... vou, volto, como, durmo, corro, faço compras, jogo fora o que não presta... tudo como uma pessoa normal, inteira. Afinal, sou uma pessoa normal e inteira.... acho.

Tenho buscado viver o hoje, o eternamente hoje... presente... embora o hoje insista o tempo todo em ser ontem.... passado... quebrado.

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